O mistério

A vida madura exige que lidemos com o mistério, aquilo que não conseguimos compreender, que nos é velado em definitivo e pertence apenas a Deus, tal como afirma a Escritura:

As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei (Dt 29.29).

Pelo menos deste lado da existência, às vezes colhemos o que plantamos, as vezes não; realizamos sonhos, ou não; sentimo-nos recompensados ou atônitos. Descobrimos o fio da meada que liga todas as pontas de determinada experiência, ou, boquiabertos, somos abraçados pela escuridão. Olhamos em volta e multiplicam-se as questões. Ontem tomamos um leite quente e dormimos. Hoje acordamos e estamos aqui, lendo esse post. Nesse meio tempo um casal de idosos foi soterrado pela lama de uma encosta, em Santa Catarina. Desígnios que simplesmente não cabem em nosso raciocínio, “coisas encobertas.”

O Cristianismo traz-nos uma revelação ao mesmo tempo em que mantém o mistério. Ajuda-nos a saber e sentir que, por detrás do caos, Deus reina. Ainda que tenhamos de caminhar por sendas tortuosas, sabemos quem segura nossa mão — e mais, que ele é Sabedoria e Amor, propício a nós por meio do Filho. Assim sendo, ainda que muito nos seja oculto, desfrutamos de uma sublime promessa:

Dar-te-ei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome (Is 45.3).

Transitar entre o Revelado e o Mistério, dependendo do Senhor dia-a-dia, eis a bênção da vida cristã.