[dropcap]F[/dropcap]inalizei a agenda do segundo dia na Coreia do Sul. Depois de um gostoso café da manhã gentilmente oferecido pela Igreja Shinil, saímos para um retiro de oração e jejum, muito bem conduzidos pelo Rev. Breno Prudente Júnior.
Visitamos um estrutura edificada com esta finalidade, situada em uma área rural, a pouco mais de uma hora da capital, com amplo estacionamento, alojamentos para quem deseja passar mais de um dia buscando ao Senhor, refeitório, banheiros, um templo principal com capacidade para cerca de duas mil pessoas sentadas, uma capela menor e os “quartos” de oração — cubículos de dimensões que não permitem que uma pessoa fique de pé, muito menos deitada. É necessário ajoelhar-se para estar ali. O piso é de borracha com aparência de madeira. Nas paredes apenas uma cruz vazia, uma tomada para carregamento de dispositivos, uma lâmpada e um interruptor, além de um suporte para Bíblias e hinários.
Tudo é muito limpo e organizado e a recepção é calorosa e amigável. Assim que sentei, fui cumprimentado pelo irmão Amstabaek, um cristão paquistanês que fala pouco o inglês. Na hora do aperto fomos ajudados pelo recurso de tradução do seu Samsung Galaxy (eu falava em inglês e seu dispositivo traduzia para o coreano). Tiramos fotos, cantamos juntos Mais Perto Quero Estar e trocamos e-mails e telefones. Muito simpático.
Após o culto fomos a um bosque e conhecemos o Pastor Jung In Chan, de proveniência batista e hoje auxiliar da Igreja do Evangelho Pleno. A partir do texto de Joel 2.12-13, ele nos falou da importância da oração e jejum para aquela igreja — que conta hoje com cerca de 700 mil membros — e toda a igreja evangélica da Coreia do Sul.
A Igreja do Evangelho Pleno, disse ele, começou como uma tenda em um bairro de Seul e desenvolveu-se sob a égide da oração e jejum. Nesta igreja, os pastores jejum e oram regularmente. Toda evangelização é precedida por um dia de jejum e oração. Visitas a famílias são feitas após jejum e oração. Todos os membros da igreja já jejuaram três dias (os coreanos cristãos, de modo geral, jejuam um período de três dias consecutivos a cada mês). Antes de evangelizar alguém, eles jejuam de sete a 21 dias. Os primeiros três dias do ano são dedicados a jejum e oração. Eles jejuam também quando passam por situações aflitivas e estabelecem períodos de jejum de acordo com a fé.
Na Coreia, a oração normalmente inclui jejum. Há muito fervor e clamor na oração. Muitos crentes reportam uma experiência muito especial com o texto de Isaías 58.8, após se consagrarem ao jejum e oração.
Em 1984, a Igreja do Evangelho Pleno fundou o retiro de jejum e oração que visitamos hoje — uma estrutura com capacidade de hospedagem de 4500 pessoas. No culto do qual participamos, estiveram presentes cerca de 1700 pessoas. O culto é longo e a liturgia é simples: muita música (a maioria hinos tradicionais conhecidos, tocados e cantados com fervor intenso), rápidas orações e uma pregação longa, de pouco mais de duas horas de duração. As pessoas ouvem com muita atenção, interagindo com o pregador com “améns”, “aleluias” e aplausos.
Um milhão de pessoas visita o local a cada ano, todas com o propósito único de orar e jejuar. São cerca de 20 a 30 mil pessoas por semana. Na busca, elas se encontram de modo especial com o Deus vivo. Suplicam pela Presidente da República, pela reunificação das duas Coreias, por enchimento com o Espírito Santo, por curas para suas enfermidades e resolução de problemas diversos (materiais, de saúde etc.). Muitas recebem bênçãos e voltam para suas igrejas como evangelistas. O resultado disso é o crescimento das denominações cristãs da Coreia do Sul (hoje os evangélicos são 25% da população e 80% destes são presbiterianos).
Perguntado sobre qual o “método” para o crescimento da igreja, o Pr. Jung In Chan respondeu: “oração e jejum”. Suas palavras a cada pastor e líder brasileiro foram incisivas: “Se você começar uma vida de jejum e oração, no lugar onde você está, todo poder das trevas será destruído”.
Em breve escreverei sobre o que aconteceu no primeiro dia de minha visita à Coreia. Por ora, não podia de registrar o quanto eu fui impactado neste contato com a igreja viva e simples da Coreia do Sul, irmãos e irmãs que amam ao Senhor e se dedicam de coração e sistematicamente ao jejum e oração.
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