02. Elementos litúrgicos no culto do tabernáculo

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Leitura de Êxodo 40.16-38. Destaque à frase repetida no texto: “segundo o SENHOR ordenara a Moisés.”

O culto cristão tem sua base, em primeira instância, no culto judaico revelado no AT. A Carta aos Hebreus fala do culto no tabernáculo como figura, sombra e parábola. Nos capítulos 7-10 daquela epístola, o autor mostra que o sacerdócio de Cristo é superior ao levítico; que enquanto este teve fim, aquele é eterno; que a Antiga Aliança era símbolo da Nova; que os ritos, ofertas e sacrifícios do tabernáculo eram ineficazes e que o sacrifício de Cristo é eficaz e perfeito. Diz que aqueles sacerdotes ministravam em “figura e sombra das coisas celestes” (8.5); que aquele santuário e o serviço feito ali era uma “parábola para a época presente” (9.9); que “a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas” (10.1). Por estas declarações conclui-se que Hebreus coloca o tabernáculo e o que nele se realiza como símbolos das realidades trazidas e cumpridas em Cristo.[11]

2.1. O culto no tabernáculo

O culto no tabernáculo judaico expressava algumas realidades que são também importantes para o culto cristão. De acordo com Costa, “os primeiros discípulos de Jesus Cristo eram judeus e a forma de culto que eles conheciam eram o culto prestado na sinagoga e no templo”.[12] E o culto no templo era uma atualização do culto no tabernáculo.

O tabernáculo era a tenda sagrada que Deus ordenou a Moisés que fosse construída, durante a peregrinação do povo no deserto: “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êx 25.8). O próprio Deus definiu os mínimos detalhes das dimensões, mobiliário, material a ser utilizado na fabricação de utensílios diversos, bem como do sacerdócio, dos sacrifícios e do ritual do culto (É interessante, para se ter uma visão completa do assunto, uma leitura de Êxodo 25 em diante e dos primeiros sete capítulos do livro de Levítico). Tudo foi claramente definido e orientado pelo Senhor.

O templo surge posteriormente e representa uma fase mais elaborada do culto judaico, iniciada a partir do reinado de Salomão (cf. 2Cr 3-7). O culto no templo, porém, continuou obedecendo aos mesmos ditames do culto no tabernáculo.

O culto nas sinagogas era diferente, e sobre eles falaremos em outro estudo. Nosso objetivo agora é compreender o significado e relevância do culto no tabernáculo.

2.2. O tabernáculo: glória, simplicidade e flexibilidade

No AT a figura do tabernáculo é colocada em um contexto de promessas de fartura, prosperidade e vitória (Lv 26.1-11). Destaca-se Deus no centro da vida de seu povo, ministrando graça (Êx 25.8; 29.43-46).

Essas definições evocam dois elementos importantes: simplicidade e flexibilidade. O tabernáculo mosaico difere do templo de Jerusalém nesses dois itens. O primeiro era uma tenda, o último, uma construção suntuosa. Aquele era móvel, acompanhava o povo; este era fixo; o povo tinha de visitá-lo a fim de cumprir os cerimoniais. Se podemos pensar no templo como representante da religião institucionalizada, o tabernáculo evoca a ideia da fé dinâmica e viva — a religião dos “peregrinos”, dos que estão à caminho.

2.2.1. A simplicidade do tabernáculo

A simplicidade do tabernáculo não equivalia à pobreza. Ele foi construído com materiais nobres — tudo era de excelente qualidade (Êx 25 et seq.). Apesar disso, comparado com o templo ele era simples, assim como a igreja deve ser.

Isso acontece porque o tabernáculo aponta para Cristo que, em sua realeza, era humilde (Jo 1.14, 2.21). A postura simples do Redentor é vista abundantemente nos Evangelhos e deve servir de inspiração para o culto. A Segunda Confissão Helvética, orientando sobre a adoração, ensina o seguinte:

[…] todo aparato, orgulho e tudo o que seja impróprio à humildade, à disciplina e à modéstia cristãs, deve ser banido dos santuários e lugares de oração dos cristãos, pois a verdadeira ornamentação das igrejas não consiste em marfim, ouro e pedras preciosas, mas na sobriedade, na piedade e nas virtudes daqueles que estão na igreja. “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” na igreja (1Co 14.40). Para concluir, que “seja tudo feito para edificação” (1Co 14.26).[13]

Se por um lado somos inclinados à sofisticação, por outro, o modelo do tabernáculo nos convoca a retornar à simplicidade.

2.2.2. A flexibilidade do tabernáculo

Lemos em Êxodo 25.15: “os varais ficarão nas argolas da arca e não se tirarão dela”. Isso aponta para a flexibilidade do tabernáculo. Os varais eram utilizados para transportar a arca. Deveriam estar sempre nas argolas, dando a entender que Deus poderia a qualquer momento mandar o seu povo mudar de lugar. Em Números 9.15-17, verificamos que Deus mesmo guiava o ritmo da caminhada de seu povo. À noite o tabernáculo era coberto por uma “aparência de fogo”. De dia, por uma nuvem. “Quando a nuvem se erguia de sobre a tenda, os filhos de Israel se punham em marcha; e, no lugar onde a nuvem parava, aí os filhos de Israel se acampavam” (Nm 9.17). A movimentação, assim como as paradas, eram coordenadas por Deus no santuário. Os que lidam tanto com a adoração quanto com a vida geral da igreja podem considerar a necessidade de serem flexíveis tanto para o “mover” como para a “ordem de parada” divina.

Em Êxodo 24.16-17 lemos que “a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (grifo nosso). Na liderança litúrgica há espaço para a espera paciente, em busca de orientação de Deus. Há nesses relatos um convite para que aprendamos a parar e ouvir; aguardar a ordem: “Levante-se e vá”. Trata-se de uma abertura, proporcionada pelo Espírito, à direção do alto. O relato bíblico descreve uma igreja que, ao invés de apegar-se rigidamente a métodos humanos, prossegue impulsionada pela “nuvem” e pela “aparência de fogo”. Isso não implica no recebimento de nenhuma “nova revelação”, mas na direção dinâmica do Espírito por meio das Sagradas Escrituras. Como nos diz Costa, comentando um trecho da edição francesa das Institutas de Calvino, aquele que lidera deve cuidar para “não tentar fazer coisa alguma sem estar baseado nalgum mandamento”.[14] O Espírito continua falando. Sua voz, porém, só é ouvida pela igreja-tabernáculo (Ap 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22; 21.3).

2.3. Elementos do culto no tabernáculo

Observemos agora, mais detalhadamente, alguns elementos do culto no tabernáculo.

2.3.1. Deus no centro da vida dos fiéis

Destaca-se no culto do tabernáculo o lugar de Deus na vida dos crentes. De acordo com o texto de Êxodo acima, essa comunhão com Deus é o aspecto mais importante do culto. Ela convida a relembrar da graça salvadora e, ao mesmo tempo, a entender que Deus é único e merece toda a adoração: “E habitarei no meio dos filhos de Israel, e serei o seu Deus. E saberão que eu sou o SENHOR seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles; eu sou o SENHOR seu Deus” (Êx 29.45-46). Mais, essa centralidade divina na adoração é uma antecipação da consumação: “Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3).

2.3.2. Comunhão com base no sangue

Os israelitas aprendiam, pelos sacrifícios, sobre o imperativo da expiação. Morris afirma que “a necessidade de expiação se torna evidente por três coisas: a universalidade do pecado, a seriedade do pecado, e a incapacidade do homem resolver o problema do pecado”.[15] Para restabelecer a relação divina com o homem, tinha de ser resolvido o problema do pecado. O Senhor Santíssimo deveria castigar o pecador, uma vez que o pecado ofendia — e ainda ofende — sua santidade. Ao mesmo tempo ele expressava sua intenção de comungar, “habitar” com o seu povo. Como resolver este dilema? Mediante o sistema expiatório os crentes poderiam chegar-se a Deus mediante um substituto, que receberia em si a punição pelos pecados no lugar dos pecadores. O livro de Levítico (caps. 1 a 7) detalha como deveria ser essa punição substitutiva: animais seriam sacrificados e teriam o sangue oferecido ao Senhor, que com isso satisfaria sua justiça. O modo como isso ocorria é detalhado por Santos:

Todos os dias havia matança de animais no Tabernáculo. Era o sacrifício contínuo (Êx 29.42). Aos sábados esses sacrifícios eram duplicados (Nm 28.9-10). No princípio de cada mês, isto é, nas luas novas, aumentava mais ainda o número de animais sacrificados (Nm 28.11, 15). Nas festas anuais era, via de regra, grande o número de vítimas oferecidas ao Senhor (Nm 29). O sangue era assim continuamente derramado para a expiação do povo. Mesmo quando se tratava de holocaustos e ofertas pacíficas, antes da consagração, da comunhão, da alegria, o substituto deveria morrer e o seu sangue ser apresentado ao Senhor […]. O Dia da Expiação era a maior revelação desse lado da natureza divina. “No sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas” (Lv 16.29). Seria dia de confissão de pecado, de tristeza por causa dos erros cometidos, dia em que afligiriam suas almas diante do Senhor. Toda a nação reunida diante de Jeová estaria revendo suas impurezas, sua falta de retidão, seus crimes individuais e coletivos; toda crueldade, impiedade, malícia, estaria sendo confessada ao Senhor. Mas, após se afligirem e confessarem suas faltas, viria a resposta de Deus. “Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor” (v. 30).[16]

No tabernáculo o culto tinha como parte essencial a apresentação do sangue de um substituto. O autor de Hebreus explica que tais sacrifícios apontavam para a morte de Cristo na cruz (Hb 9.6-14, 18-22). Nesses termos uma das grandes revelações no culto é acerca do amor imerecido de Deus que acolhe o cultuante em Cristo. Os cristãos são aceitos por causa do sacrifício do Redentor: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus […] logo, muito mais agora, sendo justificados por seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 3.25, 5.9). Daí ser corretíssima a asserção do profeta Jeremias: “as misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdia não têm fim” (Lm 3.22). O culto é lembrança e celebração da graça imerecida. A presença divina manifestava-se em misericórdia, por meio da expiação.

Esta asserção aponta para duas dimensões da adoração judaico-cristã, quais sejam, a humilhação do homem — abordada na próxima seção — e a exaltação do Deus gracioso. Isso fica claro ao observar-se que foi YHWH quem tomou a iniciativa de estabelecer o sistema de expiação. Em Levítico 1-7, ele forneceu instruções precisas sobre os sacrifícios, como a querer indicar o caminho para que seu povo se achegasse a ele. Mais adiante ele consumou todos esses símbolos em Jesus Cristo, seu Filho, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29; Hb 9.24-28, 10.10; 1Jo 1.8-2.2). Na adoração autêntica Cristo está sempre no centro de tudo, e a glória é sempre e unicamente de Deus (1Co 1.30; Sl 115.1). Isso equivale a dizer que no culto do tabernáculo Deus é engrandecido e o homem é diminuído.

2.3.3. O homem em seu devido lugar

Nos termos do tabernáculo a verdadeira adoração humilha o homem, matando toda esperança religiosa antropocêntrica. Religião, no sentido clássico do termo, é um esforço humano no sentido de religar-se à divindade. Phillips aponta: “você pode ter religião […] sem sequer conhecer a Deus. Satanás não odeia religião; na verdade, ele inventou a maioria delas”.[17] O culto verdadeiro é oposto à religião antropocêntrica. A religião afirma que o ser humano, por seus esforços pode obter o favor divino. O culto judaico-cristão afirma que o ser humano é fracassado, incapaz de aproximar-se de Deus por suas próprias forças ou virtudes. O homem é pecador (Lc 18.13). Apresentar-se diante do Senhor sem tal consciência é não apenas cegueira como também arrogância. Mesmo ao celebrar um culto de gratidão ou consagração (simbolizados no AT pelas ofertas pacíficas e holocaustos), é preciso primeiro passar pela expiação, ou seja, pelo perdão de pecados. Para achegar-se ao Santíssimo o cultuante precisa de Cristo como Mediador (Hb 10.19-22). Isso posto, no culto judaico o homem é colocado em seu devido lugar: diante do Deus santíssimo, reconhecendo sua finitude. O homem na circunferência e Deus no centro. Por isso esse culto é chamado de teocêntrico.

O culto judaico então é em função de Deus e não em função do homem. O foco de sua atenção é o Deus que está no núcleo da vida dos fiéis, dirigindo-lhes todas as dimensões da existência e recebendo-os diariamente com base no sangue da Aliança. Embora a ação de Deus em favor do adorador seja evidente, a ênfase maior no culto não são as necessidades do homem mas a glória de Deus.

Isso tem repercussões para a liturgia. Se a popularidade do líder religioso é o ponto-chave, se o objetivo é agregar todo tipo de atração com vistas à conquista de uma “plateia” cada vez maior, se há pouco ou nenhum espaço para a reflexão sobre a santidade divina e a odiosa condição humana, se nenhuma palavra é dada sobre arrependimento ou perdão de pecados, se a reunião é iniciada com adoração-louvor sem menção da confissão, definitivamente algo está errado com isso que se considera “culto cristão”. O culto no tabernáculo era um atestado de que Deus dignifica o homem — e isso a tal ponto de providenciar um meio deste cultuá-lo. Mas o homem não tem mérito nenhum nisso. A glória é somente do Senhor.

2.3.4. O aprendizado da vontade de Deus

O culto do tabernáculo era também uma oportunidade de ensino. O adorador era convocado a aprender, compreender e praticar a vontade de Deus (Dt 5.29). A adoração devia possuir um elemento de recordação que produzisse aprendizado (Dt 8.2-4, 19). Conforme Santos:

Deus faz construir o Tabernáculo, promete que habitaria no meio deles, dá sinais de sua presença ali e, então, os traz constantemente à sua presença, quer em atos individuais de culto ou em solenidades coletivas, para que pela vivência seus filhos aprendam sua vontade.[18]

2.4. O significado dos sacrifícios

No culto do tabernáculo haviam pelo menos cinco ofertas regulares, listadas no livro de Levítico:

  1. Holocausto (Lv 1). Elementos e processo ritual: sacrifício de sangue (vv. 3-5). O animal era cortado em pedaços e queimado (6-9). Tudo ocorria fora da tenda (vv. 3, 5, 8, 11-13, 15-17). De aroma agradável. Significado: a apresentação voluntária da vida completa a Deus.
  2. Oferta de manjares (Lv 2). Elementos e processo ritual: flor de farinha e bolos assados sem fermento ou mel (vv. 1-2, 4, 11-12). Sobre tudo era colocado azeite e sal (vv. 6-7, 13). Uma porção memorial era queimada, e o restante era do sacerdote (vv. 9-10). De aroma agradável. Tudo ocorria fora da tenda (vv. 2, 8-9). Significado: Adoração decorrente da consciência de que Deus é quem nos abençoa e sustenta.
  3. Sacrifícios pacíficos (Lv 3). Elementos e processo ritual: bovino, ovino ou caprino eram mortos, e seu sangue, aspergido sobre o altar (vv. 1- 2; 7.12). Parte do animal era queimada (vv. 3-5). Era a única que o cultuante podia comer (7.15). De aroma agradável. Significado: A comunhão entre Deus e o homem, propiciada pelo sangue do substituto.
  4. Oferta pelo pecado (Lv 4-5.13). Elementos e processo ritual: imolação de um novilho cujo sangue era aspergido sete vezes diante do véu do santuário, colocado nos chifres do altar do incenso e derramado à base do altar do holocausto. Depois a carcaça do animal era queimada fora do arraial (vv. 1-5.13; Comp. Hb 13.10-13). Não era de aroma agradável. Significado: Expiação pelos pecados cometidos por ignorância (fraqueza ou inconstância), em contraste com pecados deliberados, cometidos em desafio às leis de Deus (Cf. Nm 15.30 — lit. “de punho erguido”).
  5. Oferta pela culpa (Lv 5.14-6.7). Elementos e processo ritual: imolação de um carneiro sem defeito e restituição com juros de 20% (5.15-16; 6.2-5). Expiação pelos pecados: a) de usurpação das coisas sagradas (deixar de pagar o dízimo, comer partes do sacrifício destinadas aos sacerdotes, deixar de resgatar o primogênito) — vv. 15-16; b) pecados inconscientes (v. 17); c) de ofensa contra o próximo — atos de desonestidade (vv. 2-5). Significado: Reconhecimento de que Deus exige retidão nos pequenos detalhes.

Observando os tipos de sacrifícios já podemos discernir dois elementos fundamentais do culto judaico, primeiramente, a confissão e perdão de pecados — a expiação pelo sangue, que propiciava o acesso do adorador a Deus. Daí infere-se a noção judaica da grandiosidade, transcendência e santidade de Deus, diante da qual o homem, pecador, será certamente fulminado, se não existir um Mediador ou Substituto. Em segundo lugar, a comunhão do crente com Deus, que abre espaço para o reconhecimento de YHWH como Criador e Sustentador de todas as coisas, e para a resposta a ele em total consagração.

2.5. Um modelo celestial

O tabernáculo revelado a Moisés representava um modelo do culto celestial. O autor da carta aos Hebreus argumenta que o mesmo era sombra e figura das “coisas celestes” (Hb 8.5). Em outro lugar, lemos que a tenda mosaica é chamada de “primeiro tabernáculo”, como a indicar que existe um segundo, que é o celestial, onde Cristo penetrou para, como Sumo Sacerdote, oferecer o seu próprio sangue ao Pai (Hb 9.6-8, 11, 23-24).

Isso quer dizer que o culto ensinado a Moisés nada mais é do que uma representação do culto no céu. Daí o seu caráter imutável. Como veremos adiante, os cerimoniais do culto podem mudar a cada geração. Nesses termos, a Escritura afirma que o culto no tabernáculo era semelhante a uma placa que informava sobre a obra completa de Cristo. Destarte, no que diz respeito à sua forma, perdeu a validade: as cerimônias judaicas, em si mesmo, eram ineficazes “para aperfeiçoar aquele que presta culto” (Hb 9.9-10); eram apenas um “tipo”, ou seja, uma parábola para preparar o povo da Aliança para a vinda do Redentor. No entanto, reconheçamos que os elementos da liturgia atual devem conter elementos que reflitam a adoração no tabernáculo: a centralidade de Deus na vida dos crentes, a comunhão com base na obra expiatória do Redentor, exaltação de Deus e humilhação do homem e aprendizado da vontade divina. Aspectos fundamentais decorrentes desses elementos devem ser enfatizados: a referência ao Calvário, o chamado ao arrependimento e confissão, a declaração do perdão de pecados, o reconhecimento de Deus como Criador Soberano, Juiz e Redentor e a resposta dos adoradores com gratidão e consagração. Ademais, o culto prestado pela igreja deve ser sempre uma antecipação da adoração a ser prestada na eternidade, diante da presença do Altíssimo, na Nova Jerusalém.

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Notas

11. SANTOS, , Jonathan F. O Culto No Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 130.

12. COSTA, Hermisten Maia P. Teologia do Culto. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1987, p. 18.

13. XXII.2, in: BEEKE, Joel R.; FERGUSON, Sinclair B. Harmonia das Confissões de Fé Reformadas. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 203.

14. COSTA, Hermisten Maia P. Nota 4, p. 111, in: CALVINO, João. As Institutas: Edição Especial Com Notas Para Estudo e Pesquisa. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, IV. XV.14.

15. MORRIS, Leon. Expiação. In: DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 578. v. 1..

16. SANTOS, op. cit., p. 133. Grifo nosso.

17. HUNT, Dave. Escapando da Sedução: Retorno Ao Cristianismo Bíblico. Porto Alegre: Chamada da Meia Noite, 1995, p. 31.

18. SANTOS, op. cit., p. 134.

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Respostas

  1. Avatar de Carlos Henrique
    Carlos Henrique

    Prezado Misael,

    Algumas inquietações que tinha com relação ao culto mas não sabia defender os “porques” começam a tomar corpo e arcabolço de resposta fiéis às Escrituras. Obrigado mais uma vez!

    Sempre grato,
    Carlos Henrique

    Obs.: Brasília ficou pequena pro Senhor, né? Que pena, por um lado, que ótimo, por outro!

  2. Avatar de admin
    admin

    Como sempre generoso. Prezado Carlos, que bom que o texto foi-lhe útil. E saiba que Brasília ficará bem sem mim porque aqui há autênticos servos de Deus como você. Sou apenas pó e pecado.

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