[karma_builder_dropcap color=”golden” style=”round” dropcap=”A”] maior parte do trabalho pastoral diz respeito ao trato com as ovelhas — os eleitos agregados ao rebanho de Cristo (Pv 27.23). Nosso Senhor investiu tempo em pessoas, ministrando amor gracioso a todos que buscavam a Deus sinceramente. Ele orientou os apóstolos a procurar os perdidos e exemplificou sua própria missão como a tarefa de resgatar a ovelha extraviada (Mt 4.23-25; 10.6; Lc 15.3-7).[/karma_builder_dropcap]
É preciso salientar que o Senhor Jesus qualificou as ovelhas: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). Em suma, ovelhas sabem ouvir e seguir. O rebanho de Cristo é composto de indivíduos que escutam a fala de Jesus, entram em relação pactual com ele (esse é o sentido bíblico do verbo “conhecer”) e o seguem. Vejamos ainda Provérbios 4.18: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”. Uma ovelha de Cristo tem ouvidos, é obediente e trilha um caminho de aperfeiçoamento contínuo — de aumento cotidiano da luz. Muito simples.
Prolifera nas igrejas, porém, uma nova classe de membros, que podemos chamar de bodelhas. Uma bodelha é muito semelhante a uma ovelha — para dizer a verdade, externamente, pelo menos na primeira fase de convívio eclesiástico, não há diferença perceptível. Somente com o passar do tempo é que podem ser notadas as dissonâncias no procedimento, no balido, nas atitudes e no fruto espiritual.
Para começar, enquanto as ovelhas têm fome e sede espiritual, e por isso permanecem firmes na comunhão dos santos, as bodelhas não gostam da igreja. Elas passam semanas sem comparecer e não sentem falta da adoração comunitária, muito menos dos irmãos. As bodelhas, ao invés de balir, rosnam. Suas atitudes demonstram ressentimento, orgulho ferido e agressividade. Não gostam de ser admoestadas, têm sempre uma lista de motivos que, ao seu ver, justificam o seu distanciamento e se aproximam da igreja sempre como clientes à procura de serviços personalizados. Depois de anos como membros, não produzem sequer um fruto para a glória de Deus e a edificação da igreja. São inoperantes e secos, ásperos e espiritualmente mortos.
Os eleitos podem até cair e distanciar-se por um tempo, mas pela graça divina, se levantam e retornam humildemente ao caminho. Bodelhas se afastam quando chegam as tribulações: “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará; mas os perversos são derribados pela calamidade” (Pv 24.16). A Palavra, que nos eleitos produz perseverança, é recebida pelos bodelhas com frieza e indiferença.
A Escritura nos orienta a examinarmos a nós mesmos, para verificar se estamos na fé. É vital que encontremos evidências de nossa eleição (1Ts 1.2-4). Deus nos livre de sermos bodelhas! Somos chamados para ouvir e obedecer, como verdadeiras ovelhas de Cristo.
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