As urnas estatudinenses confirmaram a vitória de Barack Hussein Obama sobre John McCain, na última terça-feira. Obama foi eleito 44º Presidente dos Estados Unidos. Ele é o primeiro negro a ocupar esse cargo e conquistou a maioria dos votos prometendo mudanças e personificando as idéias de esperança e progresso.
A vitória de Obama tem sido analisada pela mídia de diversas formas. Há quem demonstre entusiasmo desmedido diante das possibilidades de diálogo e governança; outros levantam dúvidas sobre o preparo do novo presidente para o enfrentamento dos desafios internos e externos com os quais se defronta os Estados Unidos.
Meu objetivo é levantar uma questão relacionada ao aspecto religioso desta campanha presidencial. Tanto Obama quanto McCain afirmam ser cristãos. Se as propostas de ambos refletiram suas convicções religiosas, é possível afirmar que venceu a religião dialogal e perdeu o evangelicalismo conservador, ou, como dizem alguns, “a tolerância derrotou o fundamentalismo”. A nação norte-americana, pelo menos a partir de uma leitura mui superficial e estrita dessas eleições, não quer um líder guerreiro e sim um negociador, um homem da paz. A idéia de confrontar e extinguir o mal, ainda que violentamente, cede espaço para outro paradigma, muito mais educado e plural. Não estou prognosticando sobre o futuro da política externa norte-americana. O Obama eleito, em contato com a gerência concreta, pode divergir do Obama candidato. O que faço é uma leitura da fumaça ideológica espalhada durante a campanha.
Os que lidam com a fé cristã no âmbito teológico sabem do que eu estou falando. Discutir idéias, e fazer isso com paixão e certeza de absolutos doutrinários é antipático. Mostre-se convicto e perca votos. Assuma como única opinião firme que não há convicções pelas quais valha à pena “guerrear” e ganhe popularidade. Nesses termos, vence o teólogo que é visto como sábio e mentor bíblico-espiritual e mestre da conversação de corredor. O sábio mentor não fornece respostas prontas, apenas sugere caminhos. O mestre da conversação é hábil em aparar arestas e fazer desaparecer diferenças. Uma parcela significativa do “eleitorado” cristão, cansado do modo de fazer as coisas dos chamados teólogos cheios de certeza, opta pelo outro modelo. Guardadas as devidas proporções, saúda-se a uma versão cristã do Dalai Lama.
O que será da política norte-americana e mundial? O que será do Cristianismo bíblico na próxima década? Há mais dúvidas do que certezas. Apesar disso, acreditamos que estamos nas mãos de Deus. E quando me refiro a Deus não falo de uma abstração confusa, mas penso em Deus tal qual nos fala a Escritura e tão bem sintetizado pelo puritano Richard Rogers: “Creio em um Deus preciso.”
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