Se vícios são hábitos, como nos livrar deles? A coisa se complica, por conta de sua dinâmica. Você tem consciência de que aquilo que faz é errado; coloca isso na presença de Deus em oração e não apenas lê, mas memoriza e estuda passagens bíblicas que tratam desse pecado em particular. No culto de domingo, ouve uma pregação que alimenta sua alma e canta louvores de todo coração; vai à frente a fim de consagrar sua vida e suplicar que, na semana que se inicia, seu pensar, falar, sentir e agir estejam alinhados com a vontade divina.
Então, na manhã da segunda-feira, você falha — novamente. Uma explosão de ira, talvez seguida de violência; quatro barras de chocolate, engolidas quase sem mastigação, dentro do banheiro; o cigarro tragado às pressas em oculto; a cerveja bebida no almoço, mal-disfarçada sob pastilhas de menta; a impureza visualizada na internet e consumada fisicamente; o gasto desnecessário com consequente endividamento; os exercícios físicos excessivos; a verificação obsessiva de sua carteira de investimentos, só para estar seguro de que seu lucros estão garantidos. Depois da euforia, vem o abatimento — vazio, culpa e desolação. O processo pode “adormecer” por uns tempos, mas retorna firme e forte, quando você menos espera. Eis a dinâmica dos vícios.
Como afirmei anteriormente, seguindo o raciocínio de Agostinho, podemos afirmar que um vício é uma imoderação, uma ofensa à beleza e, ao mesmo tempo, uma demonstração de desordem na alma. Isso significa que precisamos de três coisas: moderação, embelezamento e organização. A fonte dessas bênçãos é Jesus Cristo, o poderoso Redentor.
A questão é, como vimos acima, que lutamos com um princípio que nos constrange a pecar. Sabemos que o remédio é Cristo, mas nem sempre compreendemos a bula. Se o recurso eficaz para o tratamento dos vícios da alma é o Senhor, como desfrutar dele?
Há passos simples para que “experimentemos” a vontade de Deus. Podemos, por meio de Cristo, caminhar com liberdade e dignidade. O que chamamos de “vida cristã saudável”, nada mais é do que uma boa rotina de utilização diária do medicamento sagrado, as folhas da árvore da vida que “são para a cura dos povos” (Ap 22.2). Abordo essa questão no próximo post.
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