É bom entoarmos louvores ao Altíssimo “com amor, espiritualmente” (Hino 4 do Hinário Novo Cântico). A questão é: “o que cantamos corresponde aos padrões bíblicos?” Considerando que a música produz impacto na mente, nas emoções e no corpo, é preciso tomar alguns cuidados.
Os cânticos litúrgicos devem centrar o adorador em Deus e sua Palavra. Música que produz dispersão ou confusão na mente e psique, ou que estimula o corpo para a dança, não serve para o culto. Música cujo volume extrapola os limites saudáveis de decibéis e cuja letra não pode ser compreendida com clareza, perturba ao invés de edificar. Música executada de modo a enfatizar a performance dos cantores e instrumentistas é péssima no ajuntamento dos santos.
Além disso, a música deve comunicar doutrina saudável e exata. São inadequadas as canções destituídas de conteúdo e orientadas para a produção de sentimentos agradáveis. Não é adoração o sentimentalismo destituído de respeito. A bondade paternal de Deus não pode ser destacada em prejuízo de sua majestade, poder e justiça. Ajuntemo-nos para cultuar com amor e alegria, mas também com reverência e temor. Se isso não for observado, pessoas que não conhecem bem a Bíblia podem sair de nossas reuniões com a impressão de que cantaram para um velhinho doce, meigo e bondoso sem serem impressionados com o Senhor que é “fogo consumidor” (Hb 12.29).
Cuidado ainda com o uso impensado de alegorizações da Escritura. “Eu quero ser como um jardim fechado, regado e cuidado pelo teu Espírito” interpreta mal Cantares 4.12, onde a metáfora do jardim fechado diz respeito à virgindade da esposa, confirmada na noite de núpcias (compare com Ct 4.16 e 5.1). Há ainda as canções cujas letras, baseadas em textos proféticos de difícil interpretação, mais confundem do que esclarecem e outras que banalizam o conceito bíblico da glória de Deus.
Os pastores precisam orientar suas igrejas e equipes de voluntários, a fim de fomentar uma cultura bíblica de adoração. Bons frutos serão colhidos quando o discernimento maduro e a boa teologia chegarem aos músicos e líderes condutores do canto congregacional.
Sim, é bom louvarmos ao Senhor! Tenhamos o cuidado, porém, de fazer isso alegre, piedosa e inteligentemente. Ao procedermos assim, honraremos a Deus e à nossa herança reformada.
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