No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito […] (Esdras 1.1).
Em um post anterior, Atordoados e Distraídos, eu disse que “não quero que o Brasil siga mudando, pelo menos não nesta direção” e que “é preciso que nossa nação caminhe sob Deus, nos termos de sua Palavra. O distanciamento das instruções divinas […] nos colocam sob juízo divino”. Esclareci minha posição sobre alguns temas que estão sendo objeto de iniciativas governamentais e projetos de lei na Câmara e Senado: a erotização infantil, o aborto, a criminalização da homofobia, o casamento homossexual e o assassinato de crianças entre tribos indígenas brasileiras sob pretexto de autonomia cultural. Declarei que sou contra “a atual relação amistosa do Brasil com lideranças de países contrários à Democracia” e esta “cooptação das Instituições – a subserviência dos Poderes Legislativo e Judiciário ao Executivo”. Mais: Comparei as forças políticas dominantes com a besta de Apocalipse 13 e destaquei que esta é sustentada pelo “dragão” que, coincidentemente, possui a cor “vermelha” e arrasta a terça parte das “estrelas do céu” – uma alusão à cor e figura usadas no logotipo do Partido dos Trabalhadores (PT).
Escrevo agora para firmar um ponto de equilíbrio. Parece-me que, enquanto discutimos o assunto e, inclusive, como pastores, influenciamos a igreja, temos de tomar cuidado com um detalhe. A leitura de jornais e revistas, bem como listas de discussão e e-mails com links para diversos vídeos pode produzir, ao invés de conscientização, uma imagem distorcida. Tenho ouvido sobre uma “conspiração” contra os evangélicos e até que “eles” (não claramente identificados por aqueles que denunciam) estão com “medo” de “nós”, uma vez que há uma “profecia” que anuncia que os evangélicos do Brasil serão uma força mundial. Um vídeo sugere, enquanto elenca as irregularidades vigentes, que temos um “paladino gospel” que nos defende no Congresso (uma espécie de propaganda política travestida de discurso de conscientização).
O pior de tudo o que se vê, ouve e lê não é o triunfalismo ou paranoia religiosa, mas a ausência de referências à soberania de Deus. As coisas são colocadas como se bastasse à igreja “despertar de um sono”, não votar em políticos ligados ao PT, emplacar políticos evangélicos e fazer lobby para o impedimento da chamada “legalização da iniquidade”. Entendam que não sou contrário a tais iniciativas, só as compreendo em seu devido lugar.
A Bíblia nos diz que Deus “despertou o […] espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino” (Esdras 1.1). Assim como havia levantado Nabucodonosor para juízo, Deus agiu por meio de Ciro, para libertação de seu povo. Como afirma o autor de Provérbios: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Provérbios 21.1; cf. Esdras 6.22 e 7.27). Isso significa que o destino do povo, cada detalhe, está sob controle do Deus vivo. Dito de um outro modo:
As obras da providência de Deus são a sua mui sábia e poderosa maneira de preservar e governar todas as suas criaturas e todas as suas ações, para a sua própria glória. Catecismo Maior de Westminster, pergunta 18, grifos nossos.
Se isso é assim, temos de nos acalmar. “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (João 14.1), não é palavra apenas a moribundos, mas a crentes brasileiros em 2010. Deus “domina sobre tudo” (1Crônicas 29.12) e, sendo assim, reconheçamos que, por mais estranho que pareça, Deus comanda o PT. Se não tivermos plena consciência deste fato, corremos perigo. Determinadas tendências políticas nada neutras, bem como uma boa dose de fragilidade doutrinária podem nos impulsionar à precipitação. É possível sermos arrebatados por discursos inflamados, de modo a abraçarmos propostas e procedimentos que não condizem com a postura de servos do Altíssimo.
Não estou sugerindo qualquer tipo de acomodação e sim afirmando que tanto as teorias conspiratórias quanto ufanismo baseado em novas revelações não é o de que necessitamos. Precisamos de uma ação não apenas “cristã”, mas, verdadeiramente, bíblica. Tenho diante de mim a edição de hoje (16/09) da Folha de São Paulo que traz, na primeira página, “Filho de Erenice pediu 5% por crédito do BNDES, diz empresa”. Em outro título lemos “Caso do sigilo não muda voto, aponta Datafolha”. Resumindo: Podem acumular-se e publicar-se mil fatos comprovados de ligação da atual candidata do PT com pessoas e procedimentos irregulares; Lula está “blindado” e o povo permanece “cego” – ou simplesmente finge que não vê.
A partir do norte da soberania de Deus, assumimos posição e pagamos o preço por isso, sabendo que podemos ser aparentemente “derrotados” nesse embate (cf. os “santos” diante da besta, em Apocalipse 13.7). Nos Estados Unidos, nossos irmãos republicanos lotam as ruas, galerias das câmaras e Senado, com a finalidade de protestar contra leis injustas e políticas que consideram equivocadas. É questionável se tal encaminhamento tem produzido, na nação norte-americana, maior ordenação social, moral e religiosa. O que ocorre é que aqueles cristãos utilizam as ferramentas democráticas para protestar. Eles juntam suas vozes às dos mártires que clamam por justiça diante do trono de Deus (Apocalipse 6.9-11).
Temos ouvido que, se forem eleitos candidatos ligados ao PT, e aprovando-se leis iníquas, Deus julgará nossa nação. Estão se esquecendo de afirmar que Deus é quem governa sobre cada detalhe da atual política, e que tal direção já é indicadora de juízo. Não é que o Brasil será julgado e sim, que ele já está sendo julgado; o fato de Deus nos “entregar” a discernimentos obscuros e procedimentos imorais, já é indicativo do peso de sua mão sobre nós (Romanos 1.18-32). Além da idolatria e desonestidade dos ímpios, há a idolatria e desonestidade da igreja, inclusive dita evangélica, cada vez mais dependente de ícones, ávida por espaços na mídia e centrada em dinheiro.
Sim, admito, com temor e tremor, que Deus comanda o PT. Suplico apenas por forças para que como igreja, nos posicionemos com coerência, como povo “sábio” que, em tempos difíceis, “ensina a muitos”, mesmo tendo de cair “pela espada e pelo fogo” (Daniel 11.32-34). Nesses termos, pode ser que este não seja um momento para refulgir a justiça na política e sim entre nós, a fim de que sejamos “provados, purificados e embranquecidos, até o tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado” (Daniel 11.35).
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