Paulo foi contido em seu orgulho por um “espinho na carne” (2Coríntios 12.7). Sua experiência não era, de maneira nenhuma, agradável. Um “mensageiro de Satanás” o esbofeteava e, fazendo isso, tornava-o mais e mais dependente da graça de Deus.
Confesso que esta é uma das passagens que mais me assombra no Novo Testamento. É difícil para mim processar um servo de Deus levando bofetadas do inimigo a fim de depender mais do Senhor. No entanto, é o que diz o texto.
Demorou para eu mesmo admitir a existência de meu próprio espinho. É sempre mais confortável investir no marketing pessoal: publicar os feitos notórios e assegurar a imagem de virtudes. Paulo, no entanto, não se constrangia em declarar-se o “principal” dos pecadores (1Timóteo 1.15). Ele entendia que toda a sua vida deveria ser um modelo exclusivo de aplicação da graça de Deus (1Timóteo 1.16).
O constrangimento da imperfeição nos corrói por dentro. Lamentamos o fato de não sermos melhores, de nossa performance ser tão pífia diante dos elevados padrões de Deus. Para a sociedade, continuamos sendo motivo de assombro (1Co 1.26-31; 2Co 6.3-10). Para Deus, porém, somos filhos acolhidos em seu regaço gracioso.
Quando, vez por outra, nos esquecemos disso, eis o esbofeteador, célere, a nos humilhar. E para nosso bem, para que não ousemos nos considerar nada à parte da graça. Somos pó e Deus e tudo. Que isso nos baste.
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