Nossos pais na fé formaram verdadeiros discípulos de Cristo. O crente recebia a doutrina do evangelho (para defender a justificação pela graça mediante a fé), introdução bíblica (para explicar a razão dos livros apócrifos não serem canônicos) e os catecismos (a educação cristã básica equivalia a conhecer os Dez Mandamentos, o Credo Apostólico, a Oração Dominical e um resumo da Teologia Bíblica e Sistemática).
Os dois primeiros tópicos eram ensinados no púlpito e em debates informais (a Escola Dominical surgiu bem depois da Reforma). Lutero ensinava em redor da mesa, durante as refeições e Richard Baxter, enquanto visitava os crentes. Os catecismos eram estudados em família (os pais assumindo esta responsabilidade, normalmente nas manhãs dos sábados). A verdade era provada na prática; assumi-la implicava em sofrer perseguições. Não havia muito tempo para congressos, nem eram realizados “retiros espirituais” (esta prática surgiu no século 19). Os discípulos eram aperfeiçoados na lida diária, no trabalho, no lar e nos cultos. E isso tudo em um tempo de difícil acesso aos estudos formais e de quase nenhum recurso tecnológico.
Dito de outro modo, o discipulado era simples. Bastava uma Bíblia, um catecismo e um instrutor sincero, amoroso e responsável. Bastava ir à igreja e buscar a Deus na rotina familiar. Bastava a coragem de viver o evangelho em todos os ambientes. E os discípulos se multiplicavam, amadureciam e produziam novos discípulos.
Do que precisamos para fazer discípulos? Um novo método? Uma nova experiência de pico religioso ou ênfase ministerial? As conversas entre pastores atuais demonstram o problema de nossa era: “Qual método o irmão está usando? O da quadra de beisebol? O da Chácara Outono? As células do José Junão? O sistema do Clarival?” Tudo dependendo de materiais complexos, seminários e softwares proprietários. Mero marketing religioso.
Que tal voltarmos um pouco no tempo? Temos algo a aprender com os crentes do passado. Eles produziram bons frutos.
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