Sobre gerir, orar e amar

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Eu sou apaixonado por gestão. Gosto tanto que meu tema de projeto final de doutorado foi sobre uso da administração estratégica na igreja. Eu acredito que a capacidade de gerenciar deflui do mandato cultural, dado na criação (Gn 1.26,28; 2.15).

Admito que isso é assim por conta de minha constatação de que a vida, por conta da Queda, é perturbada por caos. Trocando em miúdos, a sanidade da alma demanda — pelo menos em proporções modestas — a experiência e sensação de “controle”.

Quando molecote, em uma aventura com os primos, fomos forçados a atravessar um alagado do rio Araguaia. Eu era o carregador do grupo, trazendo comigo algumas “jacas” na mochila. Ao me jogar na água, a carga pesou e eu me assustei, imaginando não conseguir chegar à outra margem, dando braçadas fora de compasso, tentando vencer as águas pesadas e barrentas do rio. Naquela ocasião, a sensação de conseguir diminuir a distância para atingir a margem foi maravilhosa. Eu não estava sendo levado pelas águas; pelo contrário, eu obtive vantagem sobre elas.

Também é assim com a gerência. Ela comunica o sentimento de que podemos lidar com questões simples e complexas, de que nenhum problema é irresolúvel, se abordado corretamente.

Com o tempo, verifiquei que a gestão não chega a bom resultado, se não for precedida, regada e concluída com oração. Pois somos gestores de Deus, para o agrado dele. Deus quer ser consultado. Deus quer nos conduzir no exercício de nossa condução. Nosso Senhor foi sincero e enfático: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Daí a necessidade de cavar tempo na madrugada, para pensar e orar, antes de decidir e agir.

Por fim, sem amor, tudo o que realizamos corresponde a nada (1Co 13.1-3). Eu posso me tornar um déspota na igreja, ou em meu lar, se eu não amar a igreja e minha família. De fato, o amor é a “pedra de toque” na avaliação daquilo que faço na vida — isto que eu empreendendo é por amor a Deus e às pessoas afetadas por minha ação? Eu organizo as atividades e estruturas da igreja por amor às pessoas ou por amor à organização pura e simples? Se eu não fizer isso por amor às pessoas, por mais que eu me desgaste, não posso afirmar que meu esforço é agradável a Deus. Porque estruturas desaparecerão, mas o amor é eterno (1Co 13.8,13).

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