Gosto de jabuticabas. Há poucos dias tive o privilégio de deliciar-me com várias delas, fresquinhas, colhendo-as diretamente do pé. O método de colheita e limpeza foram os melhores do mundo: eu retirava as frutas com a mão (quanto maiores e mais maduras, melhor!), esfregava cada uma delas na camiseta e “mandava pra dentro”. Ê delícia! Enquanto desfrutava daquela doçura e conversava com o dono da chácara que me hospedava, contemplei o tronco da jabuticabeira repleto de calosidades — sinais de abundante frutificação — pensei.
Creio que é assim mesmo: não se produz frutos sem desgastes. Há uma relação entre a quantidade e qualidade da colheita e a angústia do esforço produtivo. É o que diz o Salmo 126.6: “Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”. Os servos de Deus fiéis têm muitos “calos”, ainda que tais marcas não sejam fisicamente visíveis. Paulo falava de “dores do parto” que sentia pelos cristãos (Gálatas 4.19). Não há como ser pai ou mãe sem acumular rugas, atingir um objetivo sem esforço ou frutificar sem apresentar “sinais” em nosso “tronco”. O mesmo apóstolo fala sobre isso se referindo às “marcas de Jesus” que, ao que parece, devemos todos ostentar (Gálatas 6.17).
Sendo assim, se a Bíblia fala das esposas como “videiras” (Salmo 128.3), que tal pedirmos a Deus que sejamos como “jabuticabeiras” carregadas de doçura, ainda que pequenas e marcadas? Que nossa prioridade seja não “colher uma grande colheita”, mas, no poder do Espírito, produzi-la. Se outros puderem dizer de nós que foram abençoados e encontraram a beleza, graça e sabor do evangelho por nosso intermédio, não seria isso honra para nosso Deus?
Oro para que este seja o meu e o nosso desejo em 2010!
1 Comentário
Que bela comparação! Tenho sentido isto ultimamente e peço a Deus que em 2010 nos conceda a graça de frutificarmos. Deus o abençoe. (Ainda aguardo sua presença, precisamos conversar um pouco antes da sua ida)