Tempos atrás, eu era orientado e motivado pelo paradigma do pensar grande. Ainda como evangelista em Valparaíso de Goiás, eu projetava uma igreja de 4000 membros. Tempos depois, pastoreando no Gama, DF, eu também estabeleci metas numéricas, sempre pensando na casa dos milhares. Também escrevia sem parar, opinando sobre tudo.
Eu li livros que diziam que era para ser assim e acreditei nisso, até ultrapassar os 50 anos.
Pensar grande é vantajoso, porque nos afasta da mediocridade, da acomodação. Ao colocar a régua no ponto mais alto, nós somos motivados a buscar a excelência e isso é bíblico. Pensar grande nos faz buscar melhorar processos e a nós mesmos.
Depois dos 50, eu aprendi a pensar pequeno. Não é que eu aprendi porque queria; eu fui forçado mesmo.
Algumas pessoas usam o verbo “lapidar”, quando explicam as experiências necessárias para que sejamos feitos valiosos. Eu não tenho ideia de como a lapidação é realizada hoje, mas me lembro de como era feita na década de 1980. Nos fundos de um escritório em que trabalhei, funcionava uma lapidação. Fiz amizade com o rapaz que labutava ali e enquanto nós conversávamos sobre diferentes assuntos, eu o observava lapidando diamantes. Lapidar consiste em lixar até que, na pedra, sejam ressaltados os ângulos e formatos desejados pelo lapidador.
Deus começou a me lapidar, de um modo necessário. A cada ano, desde 2015, ele me forçou a diminuir; literalmente me lixou e comprimiu (descobri que a providência é um aplicativo de compactação). Algumas coisas são grandes demais, ocupam espaço demais e devem ser drasticamente reduzidas ou eliminadas.
Foi assim comigo e ainda está sendo. Parece que, ao fim da vida, não vai sobrar muito de mim, graças a Deus. João Batista estava certo: “Convém que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30).
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