Enquanto eu escrevo este texto, uma chuva fina cai sobre São Paulo. Estou dentro de um ônibus, retornando de uma viagem de 13 dias a Israel. Os integrantes do grupo de Rio Preto, José Bonifácio e Votuporanga repousam silentes, depois de dias de atividade intensa. Reuniram-se 34 pessoas agregadas também de Barra do Garças (MT), Blumenau (SC), Brasília (DF), Governador Valadares (MG), Rio de Janeiro (RJ) e da capital paulista (SP).
Exausto, agradecido e surpreso, eis as palavras que melhor me descrevem. As razões para isso são mencionadas a seguir.
Algumas pontuações reformadas
Como cristão e pastor reformado eu sempre fui reticente em visitar Israel. Isso porque a possibilidade de viajar com um grupo para as terras da Bíblia abre espaço para algumas preocupações.
Primeiro há o perigo de lidar com Israel supersticiosamente, considerando virtuosas a areia do Mar Morto ou as águas do Tanque de Siloé. Nesse caso, o Cristianismo deixa de ser bíblico e se torna mágico. A História da Igreja nos ensina que superstição e manipulação são como dois lados de uma mesma moeda. Gente supersticiosa é um prato cheio para lobos e charlatões de todo tipo. Um aproveitador pode até vender azeitonas colhidas de oliveiras israelenses como remédio contra a depressão. E faturar alto com isso, porque o coração humano gosta de ídolos. A idolatria é uma praga que pode contaminar peregrinos que visitam Israel.
Em segundo lugar, preocupo-me com a ameaça da confusão doutrinária. Conheço pastores que mudaram para pior depois de visitar Israel. Atualmente decoram suas igrejas com Menorás, utilizam trajes rabínicos e até introduzem o toque do chifre de carneiro (o shofar) em suas liturgias de culto. O vocabulário também muda (por exemplo, ao invés de dizer “Jesus”, eles agora pronunciam o nome do Senhor como “Ieshua”). Isso indica uma afetação significativa de suas teologias. Assume-se um anticlímax: A igreja no Novo Testamento deixa de ser o fim da revelação e é considerada como um parêntese, até que Deus retome seu plano original de glorificar a nação de Israel cósmica e politicamente. O cristianismo cede lugar a um pseudocristianismo sionista.
Em terceiro lugar, tradicionalmente, cristãos protestantes e reformados normalmente pensam mais em Wittenberg, Genebra, Dort e Londres (Westminster) do que em Hebrom, En-Gedi, Jericó, Cesareia de Filipe ou Jerusalém. Católicos (romanos ou ortodoxos) e evangélicos arminianos, renovados, pentecostais e neopentecostais são os mais interessados em viajar para as terras da Bíblia.
Apesar destes “senões”, em 2014 eu aceitei o desafio de liderar um grupo em visita a Israel. A viagem aconteceu de 13 a 26 de abril de 2015 e foi muito edificante e transformadora. De fato, se Deus permitir, pretendo voltar e entendo que todo cristão que tenha condições de viajar a Israel deve fazê-lo.
Explicarei isso melhor no próximo post.