O título deste post não contém nenhum erro de digitação. Em determinadas situações, confesso que considero mais fácil amar ao “próximo” distante do que o próximo mais achegado, especialmente os familiares. Cuidar das feridas, vestir e pagar a hospedagem de um estranho samaritano parece-me uma tarefa mais exequível do que fazer o mesmo por alguém com quem compartilho laços de sangue.
Digo isso no contexto de acertos familiares relacionados ao inventário de minha mãe. Fui criado em um lar no qual há enormes dificuldades de diálogo. Cada fala exige extremada ponderação e tem o potencial de criar rancores homéricos. Ao articular uma ideia com clareza e sinceridade, corre-se risco de estabelecer uma ruptura dolorosa e de longa duração.
Amar ao próximo distante, pelo menos pra mim, é menos complicado do que amar ao próximo próximo.
A questão é que Deus nos convoca a vivenciar a aliança, primeiramente, na família, e consta neste pacto a prática da humildade e do amor. A primeira subjuga as tendências egoístas do coração; o último formata adequadamente o trato. Sendo assim, cada interação torna-se oportunidade de externalizar a doutrina de salvação: Deus amou ao ponto de dar seu Filho. É nesses termos que amo de coração aos meus irmãos e sobrinhos. Eles são minha família, os próximos próximos a quem eu devo amar antes de amar aos próximos distantes.
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