13 Reasons Why, Baleia Azul e o mal-estar adolescente

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Se você é pai de adolescente, provavelmente ouviu falar, nas últimas semanas, sobre 13 Reasons Why e a Baleia Azul. 13 Reasons Why, uma série da Netflix, relata a história de uma adolescente que se suicida após sofrer abusos em uma escola norte-americana. A baleia azul é um game app que, segundo dizem, pode conduzir seus participantes ao suicídio. Especialmente este jogo me fez lembrar de outro filme (Nerve), lançado em 2016, sobre Vee, uma jovem que é atraída para um jogo online que premia em dinheiro os seus participantes, ao mesmo tempo em que exige deles tarefas cada vez mais perigosas (cf. trailer legendado em https://youtu.be/bbWcii5DS0A).

Os filmes e o jogo tocam na questão do mal-estar adolescente. E exacerbam o mal-estar dos pais de adolescentes, convocados a “proteger” seus filhos dos novos perigos apresentados pelo universo digital. Cinquenta anos atrás os pais de adolescentes se viam perdidos diante da Revolução Sexual. Três décadas atrás surgiram os jogos eletrônicos, precursores dos video games. Agora, pais analógicos são forçados a lidar com a nova sopa de letrinhas da internet, com seus dispositivos e apps.

Tudo parece muito novo, mas nem tudo mudou. Desde sempre, o ensejo dos pais continua o mesmo: Ter o mínimo de controle sobre os filhos adolescentes, com o intuito de protegê-los.

O ponto é: Protegê-los do quê? E protegê-los como? As respostas não são simples principalmente quando consideramos que, dentre as possíveis características da fase adolescente, estão (1) os sentimentos de embaraço, constrangimento e até raiva de serem tratados (daí, “protegidos”) como crianças; (2) uma demanda por mais privacidade e autonomia. Sendo assim, pais de adolescentes se veem na situação de ter de proteger quem se esforça por demonstrar que não quer ser protegido.

As coisas seriam resolvidas na Perfeitolândia, onde habitam adolescentes cem por cento emocional e espiritualmente seguros e que jamais utilizam seus dispositivos eletrônicos de modo contrário ao orientado por seus pais sempre sábios.

Mas a vida real não é assim.

A vida real é perigosa e um bocado frustrante e, por conseguinte, dolorosa. Para pais e filhos.

Se há uma coisa que pode ser dita a partir destes filmes (e deste jogo), é que nós não conseguimos controlar tudo (nem dentro, nem fora de nós). E a sensação de perda de controle apavora e desnorteia.

Sendo assim, continuamos precisando de três coisas:

Primeiro, carecemos de maturidade (aquilo que os antigos chamavam de “sabedoria”) para discernir os tempos. A Bíblia diz que Deus dá sabedoria a quem pedir com fé (Tiago 1.5-6). Mas entendamos que, biblicamente, sabedoria é aplicação de conhecimento. Os pais de adolescentes têm de investir tempo para compreender mais e melhor não apenas tecnologias e dispositivos, mas a cultura contemporânea como um todo.

Segundo, norteados por sabedoria, precisamos aperfeiçoar diálogos e, dialogando melhor, implementar intervenções, quando necessárias.

Terceiro, nós temos de ser protegidos de nosso próprio medo. Sem isso, corremos o risco de sermos tomados por pânico. E o pânico produz confusão mental, que pode desdobrar-se em precipitação ou paralisia. Não é sem razão que Jesus nos ensinou a orar todos os dias: “Livra-nos do mal”, com a convicção de que o reino, o poder e a glória pertencem a Deus (Mt 6.13). Mesmo implementando todos os esforços, é preciso saber que Deus é quem guarda a nós e nossos filhos (Salmos 121 e 127).

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