O crescimento numérico é marca da igreja?

— por

Até pouco tempo atrás ensinava-se, pelo menos nos círculos calvinistas, que a verdadeira igreja apresenta três marcas, quais seja, pregação fiel do evangelho, administração correta dos sacramentos e prática da disciplina. A estas devem ser acrescentadas, dizem os novos profetas, o crescimento numérico.

Utiliza-se uma linguagem sofisticada: relevância e contextualização metodológica. Não há nada de errado nestas palavras, mas no modo como são usadas a fim de abalizar novos modelos de ministério com menos pregação, abandono de padrões litúrgicos, ratificação do princípio de homogeneidade sociológica e a ideia do investimento prioritário na implantação de mega-igrejas.

Os pastores devem cuidar dos rebanhos com amor paciente, reconhecendo que o crescimento numérico é produzido por Deus (1Pe 5.1-4; 1Co 3.6-9). Calvino teve uma paixão intensa pela conversão da França à fé reformada. Em 1553, ele começou a enviar missionários para aquele país. Muitos daqueles missionários foram à Genebra como refugiados, enquanto a perseguição avançava. Logo depois de treinados em teologia, moral e pregação, eram enviados de volta para plantar igrejas na França. Estes esforços de Calvino tiveram um tremendo sucesso. Em 1555, existiam cinco igrejas reformadas na França. Em 1559, haviam quase 1000. Em 1562, o número chegou a 2150. Mesmo assim, Calvino nunca afirmou que o crescimento numérico é uma marca da igreja.

Os proponentes da quarta marca afirmam que são não apenas bíblicos, mas precursores de uma nova era dourada, quando não passam de imitadores de Neighbour Jr., Castellanos, Warren ou Hybels. Declaram a falência da confessionalidade enquanto erigem altares ao marketing, à sociologia e ao evangelicalismo arminiano, desconsiderando que muitas das igrejas que mais crescem na IPB são confessionais, tradicionais e simples.

Não devemos ser avessos a métodos, ou mesmo à ideia do desenvolvimento. A questão é que podemos desejar a expansão da igreja sendo confessionais e amando a IPB. O dinamismo não é sinônimo de precipitação, nem a inovação, de ação desmiolada.

Newsletter

Atualizações em seu e-mail.


Respostas

  1. Avatar de Cristiano
    Cristiano

    Poderia falar muita coisa, mas por enquanto vou falar apenas isso: amém.

    Abraços.

  2. Avatar de Ricardo Santana
    Ricardo Santana

    Não entendi muito essa frase: “desconsiderando que muitas das igrejas que mais crescem na IPB são confessionais, tradicionais e simples.” Não seria desconsiderando que muitas das igrejas que mais crescem no Brasil são confessionais, tradicionais e simples.”? Não seria redundante dizer igrejas da IPB são confessionais, já que as igrejas da IPB adotam as Confissões de Fé?

  3. Avatar de Misael
    Misael

    Na IPB há igrejas que estão mais ou menos alinhadas à confessionalidade. Eis o ponto.

  4. Avatar de Ricardo Santana
    Ricardo Santana

    Hum, entendi. Dai fica mais interessante seu post, levando em consideração que, teoricamente, as igrejas presbiterianas do Brasil, desde São Paulo até Japonvá (MG), são confessionais. Talvez seria um ponto a se pensar: até que ponto uma igreja da IPB pode ser mais ou menos alinhadas à confessionalidade?
    Abraços Misael.

Deixe um comentário