No exercício da liderança são importantes tanto o caráter como a estratégia. Se tivermos de estabelecer uma ordem de importância, o caráter sempre precede a competência estratégia; Deus abençoa enormemente líderes que, mesmo com mediana ou inexistente proficiência em gestão estratégica, cultivam uma vida de intimidade e dependência do Todo-Poderoso. Sei que é possível implementar estratégias e encaminhar a vida da igreja de modo a obter bons resultados deixando-se fragmentar emocional e espiritualmente; sei que o dia-a-dia do pastoreio pode absorver-nos ao ponto de nos distanciarmos do Bom Pastor, assim como sei que é lastimável construir um império religioso enquanto se perde a própria alma.
Sei de tudo isso, mas continuo afirmando que isso não pode servir de desculpa para descartar a boa gestão eclesiástica. Para ser sincero, enquanto prossigo em minha caminhada pastoral, aumenta minha convicção de que é preciso integridade para colocar em prática uma estratégia correta.
Diferentemente do que se afirma na literatura não-cristã, a estratégia correta vem de Deus. Trata-se de uma aplicação contextualizada das Escrituras, ou seja, sempre adequada a dada circunstância, sobre determinada área ou mesmo sobre a totalidade da vida da igreja. Nesses termos, assumi-la, propagá-la e praticá-la envolve, primeiramente, intimidade com Deus; segundo, uma clareza de propósitos que só pode ser formatada por verdadeiro discernimento espiritual e, terceiro, coragem para pagar o preço de sua implementação, mesmo que em detrimento do bem-estar do líder. Isso exige caráter ou, em outras palavras, parece-me mais cômodo não assumir nenhuma estratégia, e assim buscar agradar a todos e afastar-se de riscos indesejáveis, do que assumi-la com todas as suas consequências.
Avaliando meus próprios erros como líder, entendo que, na maioria das vezes em que afastei-me da estratégia, o fiz por medo, leia-se falta de fé; por tentar conciliar interesses dissonantes quando deveria eliminar a contradição, leia-se confusão entre liderança pacificadora e liderança frouxa ou por deixar-me confundir por sentimentos decorrentes de embates relacionais. É claro que cheguei a essa conclusão depois de analisar os fatos, diante do leite derramado dos planos não efetivados. Na efervescência dos acontecimentos eu pensava que estava apenas guiando com gentileza, demonstrando respeito às ideias das pessoas com as quais eu compartilhava a liderança. Hoje percebo que, como líder, não fui íntegro; a falha na execução da estratégia decorreu de falhas de caráter.
Caráter e estratégia são indissociáveis. A Bíblia é cheia de relatos sobre pessoas que caminharam com Deus e executaram as estratégias divinas sem titubear, como afirma Ronaldo Lidório, em Liderança e Integridade, enfrentando a adversidade, não negociando a verdade, assumindo responsabilidade e aprendendo com seus erros e cuidando do próprio coração.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.