Carta à igreja de Pérgamo: A tensão entre o cristianismo e a cultura

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Carta à igreja de Pérgamo (Ap 2.12-17)

[12] Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: [13] Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

[14] Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. [15] Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. [16] Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.

[17] Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

Parece uma contradição. Onde quer que o cristianismo crie raízes, surgem escolas. Onde surgem escolas, cresce o conhecimento. Onde cresce o conhecimento, diminui a devoção e esta diminuição da devoção enfraquece o cristianismo. Verificamos isso na história da igreja. Períodos de intensa busca de Deus produzem uma igreja próspera; então, os homens se orgulham afastando-se da dependência de Deus; daí a igreja definha. É por isso que cada geração precisa de um avivamento. O fogo que alimentou a geração passada precisa ser novamente aceso – os crentes de hoje devem buscar ao Senhor, de coração, hoje.

A terceira carta de Cristo no Apocalipse – à igreja de Pérgamo – trata desse assunto. Em tempos passados ela havia dado um testemunho vibrante. Agora, porém, uma situação tenebrosa começava a ser verificada naquela igreja.

O que Cristo diz à igreja de Pérgamo – como ele a enxerga e avalia? Como é que nosso Senhor corrige aqueles crentes? Que consolação ou promessa Cristo lhe concede? As palavras do Redentor aos cristãos Pérgamo são válidas para nós. Esta carta nos convida a compreender três coisas.

Jesus conhece tanto nossa dificuldade quanto nossa infidelidade

Jesus conhece nossa dificuldade. Eu “conheço o lugar em que habitas” (v. 13). A dificuldade dos crentes de Pérgamo era viver cercados por uma cultura anticristã (v. 12-13). Aqueles crentes moravam onde estava o “trono” e a habitação de “Satanás” (v. 13). A expressão “trono de Satanás” tem relação direta com a atitude religiosa daquela sociedade. Pérgamo era o centro oriental do culto ao imperador romano.[1] Mas não apenas isso. Ali existiam “templos dedicados a Zeus, Atena, Dionísio e Esculápio”,[2] este último, considerado o deus da medicina e da cura.[3].

Isso significa que Pérgamo era aberta e simpática a várias crenças. Além da mistura religiosa, havia em Pérgamo um ambiente de sofisticação intelectual. Foi ali que surgiu o pergaminho como material de escrita e aquela cidade possuía “a segunda maior biblioteca do mundo antigo, que só perdia em importância para a que existia na cidade de Alexandria do Egito”.[4]

Dito de outro modo, Pérgamo era um centro asiático de civilização, o lugar para onde os pais mandavam os filhos para estudar, um polo religioso e cultural. Era difícil ser cristão em Pérgamo. É difícil ser cristão em Harvard, Princeton, Berkeley, Cambridge ou qualquer campus universitário. As coisas são tão estranhas que é difícil ser cristão em alguns seminários de Teologia da atualidade! É difícil ser cristão cercado por uma cultura anticristã. Foi assim no passado e é assim no presente. Cristo reconhece isso: “Conheço o lugar em que habitas” (v. 13).

Jesus conhece nossa infidelidade: “Tenho, todavia, contra ti algumas coisas” (v. 14). Ele cita basicamente dois pecados:

Primeiro, ele conhece os pecados de idolatria e imoralidade (v. 14). Nosso Senhor fala de Balaão, que no passado armou uma armadilha contra Israel. Podemos ler esta história completa em Números 21–25 e 31.13-18. Balaão foi um profeta mercenário que recebeu dinheiro de Balaque, príncipe de Moabe, para amaldiçoar os israelitas, mas foi impedido por Deus (Nm 22–24). Vendo que a estratégia da maldição profética falhara , ele convenceu as mulheres moabitas a seduzirem os filhos de Israel. Estes se prostituíram e cultuaram a Baal-Peor. Por causa disso morreram 24 mil homens (Nm 25.1-9; 31.16).

Percebamos o engano: Um líder “espiritual” influente que coloca na mente de seus liderados que é possível ser cristão e, ao mesmo tempo, imoral. Compreendamos o processo que conduz à queda:

  1. Dar glória à criatura; idolatria (cf. Rm 1.18-23) – confiar cegamente em um falso deus, uma pessoa, uma instituição, uma carreira; no conhecimento intelectual; ou em si mesmo [autossuficiência].
  2. Seguir as paixões; fazer tudo o que o coração sugerir – autonomia moral; imoralidade (Rm 1.24-27).

Em segundo lugar, além de conhecer os pecados de idolatria e imoralidade (v. 14), Jesus conhece o pecado de acolhimento da “doutrina dos nicolaítas” (v. 15). Não sabemos, em detalhes, qual era esta doutrina. A palavra “nicolaítas” só ocorre duas vezes na Escritura, sempre no Apocalipse (v. 6, 15). O que fica claro é o ódio de Cristo às suas obras. Parece que o ensino e práticas nicolaítas eram bastante conhecidos dos destinatários originais daquelas cartas; por isso não foi necessário dar explicações detalhadas sobre o problema.

Têm sido propostas diferentes possibilidades de entendimento da questão nicolaíta:[5] A interpretação mais segura é a seguinte: Parece que o ensino dos nicolaítas tem ligação com as pressões do paganismo, especialmente a ideologia de mistura de crenças e práticas.[6] Não é impossível que os nicolaítas, os seguidores de Balaão e os adeptos de Jezabel (que será citada na próxima carta) representem a mesma escola de falsos mestres; indivíduos que se recusavam a afastar-se dos banquetes imorais e idólatras dos pagãos e tentavam justificar religiosamente suas práticas pecaminosas.[7]

Jesus conhece nossa dificuldade; ele sabe que não é fácil ser crente cercado por uma atmosfera anticristã. Ele conhece também nosso pecado; ele repudia toda idolatria e toda imoralidade em nossa vida.

Se isso é assim, pensemos nas dificuldades que temos para seguir Jesus. Cristo as conhece. Mas não é porque é difícil que ele afrouxa as regras. Ao discípulo de Jesus cabe a santidade. Por isso, em segundo lugar, como recomendação à igreja de Pérgamo…

Jesus exige o abandono imediato do pecado

Jesus convocou os leitores de Pérgamo ao arrependimento: “arrepende-te”. Se não houvesse arrependimento, ele os visitaria com “espada” (v. 16). Em outras palavras, Jesus exigiu o abandono imediato do pecado.

Pensemos juntos: Qual é o tipo de mensagem mais apropriado para pessoas de cultura ampla? Qual é a mensagem mais adequada para pessoas intelectualmente sofisticadas?

Estas são questões importantes porque ganha força o argumento seguinte. Dizem que, para alcançar os intelectuais, precisamos aprender os argumentos da intelectualidade. Ninguém pode evangelizar um ateu – dizem – sem estudar os argumentos que os ateus usam para defender sua posição. Ninguém pode evangelizar um mórmon sem antes conhecer o conteúdo do Livro de Mórmon ou Doutrina e Convênios. Ninguém pode evangelizar um muçulmano sem antes ler o Corão. A evangelização é complicada, dizem; apresentar Cristo a uma cultura é complicado; precisamos fazer uma “leitura do contexto”; temos até mesmo de mudar nossa linguagem, a decoração de nossos lugares de adoração, o estilo da música, nosso vestuário e todo o nosso material de comunicação. Senão os incrédulos não acolherão o evangelho. Sem a técnica, a linguagem, a abordagem correta, as pessoas não crerão. Então temos de saber qual é o tipo de mensagem mais apropriada para determinada cultura; o que é adequado para pessoas intelectualmente sofisticadas. Mas não é só isso. O mesmo ocorre no aconselhamento. Ninguém pode aconselhar um viciado, por exemplo, sem conhecer as teorias terapêuticas atuais. O ideal, dizem, é que os pastores façam cursos de Psicologia. Sem isso eles só têm a Bíblia e, portanto, não estão aptos a aconselhar.

O que Cristo disse àqueles membros da igreja de Pérgamo que praticavam idolatria e imoralidade? Pessoas intelectual e culturalmente sofisticadas? Simplesmente isso: “Arrependam-se; se não, eu virei julgá-los”. É isso que os pregadores e os conselheiros cristãos devem dizer. O problema fundamental do ser humano é o pecado, seja ele um analfabeto ou um Pós-doutor, um morador de rua ou dono de muitas mansões; um brasileiro do interior ou da capital; um adolescente, jovem ou ancião. Ele pode dizer “uai”, “oxente” ou “bá, tchê”; ele pode pronunciar “porta” do jeito brasiliense ou riopretense; todos entenderão a mensagem simples da Bíblia. Não precisamos complicar; não precisamos dançar ou dramatizar; não temos de alterar a decoração ou liturgia para nos fazermos compreensíveis a esta geração. Basta pronunciarmos aquelas palavras antigas: “Arrependam-se e creiam; façam isso enquanto há tempo”. Não precisamos de mais nada.

Isso nada mais é do que uma atualização de Salmos 7.12: “Se o homem não se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem-no pronto”. Já vimos isso antes no NT. Várias décadas antes, o apóstolo Paulo pregou aos moradores de Atenas, capital intelectual do mundo grego. Ele disse que se eles não se arrependessem, Deus os julgaria por intermédio de Jesus Cristo (At 17.30-31).

Prestemos atenção: Jesus promete o trato da “espada”. Na Bíblia, a “espada” é sempre para os inimigos. Em Apocalipse 19.11-21, esta “espada” é usada para cortar em pedaços os seguidores do anticristo. Isso significa que aqueles que estão na igreja e, ao mesmo tempo, praticam idolatria e imoralidade, não são convertidos. Para nosso Senhor não é possível ser crente e idólatra; muito menos crente e imoral. Há uma diferença entre ser religioso e convertido. Há uma diferença entre ser professo e convertido. Há uma diferença entre ser batizado e convertido. Há uma diferença entre ser filho de crente e convertido. Há uma diferença entre gostar da Igreja Presbiteriana do Brasil e ser convertido.

O início da boa notícia sobre a salvação é “arrependei-vos”! O novo nascimento produzido pelo Espírito Santo nos faz mudar de direção e nos transforma em ovelhas. Deus transforma porco em ovelha; ele transforma coruja sabichona em ovelha; ele transforma cavalo xucro em ovelha; ele transforma cão em ovelha. Mas este é o ponto: Ele transforma. Não houve conversão se não houve transformação da devoção e da prática.

Os cristãos antigos entenderam isso. Por isso, em um documento do terceiro século, lemos que “a prostituta, o pervertido, o homossexual e qualquer outro que pratique atos indizíveis[8] só podiam ser recebidos como alunos da classe de catecúmenos, depois que renunciassem suas práticas. Paulo fala sobre isso em sua primeira carta aos coríntios (cf. 1Co 6.9-11 e 18).

Primeiro Cristo demonstrou que conhece tanto nossas dificuldades quanto nossos pecados. Depois ele exigiu arrependimento. A partir daqui, em terceiro e último lugar…

Jesus nos incentiva com provisão, perdão e reconciliação

Qual é o nosso incentivo para viver o evangelho em uma sociedade contrária a Cristo? Primeiramente, o vencedor receberá o “maná escondido” (v. 17). Existem algumas hipóteses sobre o significado desta expressão,[9] no entanto, basta sabermos que a figura do maná faz-nos remete à experiência do povo de Deus durante a peregrinação no deserto. Os israelitas foram sustentados com comida celestial, recolhida todos os dias pela manhã (Êx 16.4-7, 31, 35). Guardemos isso: Algumas pessoas em Pérgamo estavam cometendo o mesmo pecado de Israel no deserto – idolatria e prostituição. Cristo promete a provisão que Deus deu ao seu povo no deserto. Qual é o ponto aqui? Não precisamos depender de ídolos, Deus cuida de nós. Não precisamos de satisfação mundana; Deus nos concede provisão deliciosa. No sexto capítulo do Evangelho de João aprendemos que o próprio Senhor Jesus Cristo é esta provisão divina que satisfaz os mais profundos anseios de nossa alma (Jo 6.32-35).

O vencedor receberá “uma pedrinha branca” (v. 17). Cristo se refere ao costume de dar uma pedra branca aos que eram absolvidos em um tribunal.[10] Os que se arrependem e creem, os que abandonam a idolatria e a imoralidade não serão condenados. Esta é a promessa de pleno perdão do evangelho.

Sobre a pedrinha haverá “um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (v. 17). Esta é, a meu ver, a parte mais misteriosa da promessa. Pode ser que Cristo se refira ao “nome novo” do cristão, ou seja, o novo caráter daquele que antes era idólatra e impuro (Deus mudou o nome de Jacó por ocasião de sua conversão; Gn 32.27-32). Pode ser ainda que Cristo aponte para o conhecimento íntimo do nome de Deus e do Messias (cf. 3.12; 14.1). De qualquer modo, tal promessa indica um relacionamento muito pessoal: “exceto aquele que o recebe”. É o fim da inimizade – do trato da “espada” – e uma aproximação filial por meio de Cristo!

Nosso Senhor conhece nossas dificuldades e repudia nossos pecados. Ele exige de nós verdadeiro arrependimento. Por fim, ele nos incentiva com promessa de provisão, perdão e reconciliação. A partir daqui podemos concluir.

Conclusão

Diante do que vimos nesta carta de Cristo à igreja de Pérgamo, como devemos compreender e nos relacionar com a cultura? Primeiramente, foi Deus quem nos concedeu, na criação, a ordem e a capacidade para produzir cultura – isso é chamado de mandado cultural (Gn 1.28).

Satanás corrompeu a cultura. Ele entrou na história humana e levou nossos primeiros pais a pecar (Gn 3.1-6). O resultado foi desastroso (Gn 3.7-24). Por causa disso, como afirma o próprio João, “o mundo inteiro jaz no maligno” (1Jo 5.19). É por isso que, ao olharmos ao redor, enxergamos não apenas progresso em diversas áreas, mas também idolatria, violência, imoralidade e rebeldia contra Deus e as Escrituras. Apesar de todos os ditos “avanços humanos”, por detrás da civilização anticristã está o “trono de Satanás”.

O que Deus propõe a esta sociedade? De acordo com o Apocalipse de João, a sociedade não é amigável nem recuperável por esforço humano; a igreja não poderá salvá-la por sua influência positiva e suas estruturas jamais serão totalmente recuperadas sem a intervenção poderosa de Cristo, em sua segunda vinda. O que podemos e devemos fazer, acima de tudo, é pregar o arrependimento e a fé em Cristo.

Isso não pode ser confundido com fanatismo ou alienação (fuga da cultura). Como cristãos, continuamos anunciando a soberania de Jesus e marcando tudo ao nosso redor com o nome de nosso Senhor (Cl 3.17). Declaramos que somente na cruz de Cristo é que são reconciliadas todas as coisas – todo conhecimento, relação e aspiração de homens e anjos, bem como tudo o que há no universo (Cl 1.20). O fato é que não nos iludimos. Às vezes, confusos e ingênuos, ficamos boquiabertos diante da magnitude da Civilização, mas Cristo nos repreende: “Vocês habitam onde está o trono de Satanás”.

Tal ensino é impopular hoje, quando estamos tão preocupados em “produzir” um cristianismo desmesuradamente integrado à cultura. Como afirma um servo de Deus:

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Se um pastor busca o aumento de número de membros de sua igreja como seu alvo principal, ele terá de utilizar algumas das técnicas de promoção que os grandes centros de entretenimento usam, a fim de atrair pessoas […]. As pessoas acorrem para as suas reuniões a fim de serem entretidas pelo humor dos púlpitos e estórias engraçadas. Eles vêm porque esperam ver diversão, apresentações dramáticas, ventríloquos, celebridades, heróis esportistas, personalidades da televisão e as últimas novidades da música “gospel”. […] Eu não encontro esse tipo de “esperteza” no Novo Testamento. As pessoas que acorriam às reuniões da igreja primitiva, não esperavam outra coisa exceto perseguição. Crer em Cristo, no tempo apostólico, equivalia a assinar sua sentença de morte.[11]

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Somos naturalmente inclinados a apagar a linha divisória que Cristo traçou. Temos medo de que considerem a nossa fé reducionista, ridícula e absurda. Acontece que o cristianismo é, em essência, incompreendido para os que se perdem (1Co 1.18, 21-25). Temos de assumir a tensão entre compromisso com a redenção do mundo e afastamento de seu pecado. Deus exige separação entre o crente e o mundo. Pertencemos ao reinado de Cristo enquanto Pérgamo é o “trono de Satanás”.

Quem é que dita esta carta? O Senhor que conhece nossas dificuldades. O que ele nos diz? Que nossos pecados o entristecem. O que ele requer de nós? Que nos acheguemos a ele com arrependimento sincero, recebendo de suas mãos provisão, perdão e reconciliação.

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Notas

[1] BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 2. ed. Barueri; São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil; Cultura Cristã, 2009, p. 1723, nota 2.13. Doravante denominada BEG2.

[2] ASHCRAFT, Morris. Apocalipse. In: ALLEN, Clifton J. (Ed.). Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987, p. 313. v. 12.

[3] SCHÖKEL, Luís Alonzo. (Coord.). Bíblia do Peregrino. São Paulo: Paulus, 2002, p. 2947; HENDRIKSEN, William. Mais Que Vencedores: Os Mistérios do Apocalipse Desvendados Com Profundidade e Fidelidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 96. Esculápio é também denominado “Asclépio”. Cf. KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 174.

[4] PROENÇA, Wander de Lara. Uma Igreja Sem o Propósito da Maturidade na Palavra. In: BARRO, Jorge Henrique. (Org.). Uma Igreja Sem Propósitos: Os Pecados da Igreja Que Resistiram ao Tempo. São Paulo: Mundo Cristão, 2004, p. 47.

[5] Para alguns, trata-se de um ensino herético provindo de Nicolau de Antioquia, citado em Atos 6.5. Tal posição é estranha à doutrina do evangelho, uma vez que o Nicolau de Atos 6 é descrito como sendo “cheio do Espírito Santo”, e um cristão cheio do Espírito Santo não se torna um falso mestre (At 6.3; Gl 5.22-23). De fato, esta interpretação tem sido repudiada por alguns estudiosos sérios. Cf. ASHCRAFT, op. cit., p. 311. Outros sugerem que os nicolaítas eram adeptos de um sistema religioso denominado gnosticismo, que ensinava que a salvação dependia da aquisição de um conhecimento secreto. Ashcraft (op. cit., p. 294-295) afirma que alguns “interpretam o livro de Apocalipse como uma obra antignóstica”. O problema com esta segunda interpretação é que sabemos muito pouco sobre o gnosticismo do primeiro século; isso nos impede de fazer uma afirmação segura.

[6] VANNI, Hugo. Apocalipse: Uma Assembleia Litúrgica Interpreta a História. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 41.

[7] HENDRIKSEN, op. cit., p. 83.

[8] Tradição Apostólica de Hipólito de Roma, 3.2. Disponível em: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/tradicao_apostolica_hipolito_roma.html. Acesso em: 08 out. 2011.

[9] Afirma-se que o maná tipifica a vida espiritual e aponta para “a expectativa judaica de que desceria novamente do céu o maná quando se manifestasse o Messias” (BEASLEY-MURRAY, G. R. Apocalipse. In: DAVIDSON, F. (Ed.). O Novo Comentário da Bíblia. 1. ed. reimp. (1985). São Paulo: Vida Nova, 1963, p. 1455, v. 2). Outro autor argumenta que o maná é “a comida do céu, em oposição à comida sacrificada aos ídolos” (ASHCRAFT, op. cit., p. 315); uma lenda judaica explicaria o significado do maná: “Quando o templo caiu, em 586 a.C., um anjo ou Jeremias havia escondido a arca com o maná, que iria ser preservado até o reino messiânico (2Macab. 2.4 e s; 2Bar 6.5-10). No pensamento apocalíptico judaico, este maná viria à terra por ocasião da vitória de Deus (2Bar 29.8)” (ibid., loc. cit.). Apesar de tais interpretações serem fascinantes, prefiro recorrer à “analogia das Escrituras”, comparando o texto do Apocalipse a outras passagens da própria Bíblia.

[10] Aqui também os intérpretes se dividem, especialmente porque os antigos usavam pedras com diversas finalidades. BEASLEY-MURRAY, George R. Apocalipse. In: CARSON, D. A. et al. (Ed.). Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 2139, propõe quatro usos: (1) Declarar absolvição num tribunal; (2) selar uma amizade (a pedra era partida ao meio e cada pessoa guardava uma metade); (3) permitir a entrada em uma festa; (4) premiar o vencedor de uma competição. O primeiro sentido parece ser o mais adequado ao contexto.

[11] BOWMAN, George M. Tentando Agradar a Homens. In: Jornal Os Puritanos. Ano iv, n. 1 (1996), p. 18.

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