Ao final de cada ano normalmente recapitulamos tudo: fracassos, realizações e projetos. Temos a oportunidade de rever para corrigir, lembrar para agradecer e avaliar para confirmar ou redefinir alvos. Há anos em que as vitórias sobrepujam as derrotas e, por outro lado, aqueles em que é difícil sequer enxergar qualquer conquista: os 365 dias passados são percebidos como um gigantesco fiasco. Defrontamo-nos com os resultados concretos de nosso bom senso ou incompetências; colhemos o que plantamos. Não surpreende que muitos aguardam ansiosos a meia noite do dia 31 para celebrar e soltar fogos, enquanto outros mergulham em abismos de melancolia.
Nessa época somos aproximados da religião. Espalha-se um anseio genérico de “fraternidade” e “paz universal”; somos bombardeados com frases de autoajuda afirmando o quanto somos maravilhosos, a vida é linda e tudo de bom acontecerá no ano que se inicia. Nas praias, devotos entregam flores às “divindades das águas”, nos templos, fiéis recebem bênçãos de seus sacerdotes ou passar a “virada” do ano desfrutando da Palavra, dos sacramentos e da oração.
É preciso ir além e aproximar-se de Deus mesmo, conversar com ele sobre a vida. Ele sempre esteve sobre e entre todos os acontecimentos. Nada ficou de fora, ele “reina sobre tudo”. Como ensinava um amigo querido, reverendo Francisco Leonardo, podemos até expor ao Senhor nossas reclamações, lembrando-nos que “o tom é que faz a música”, ou seja, é possível questionar desde que sem amarguras. Sentados à sombra do carvalho da oração, nos lembraremos de detalhes cômicos e daremos boas risadas. Seremos tomados de alento percebendo o cuidado de nosso Pai Celestial. Ele nos ama e jamais nos abandonará. Na comunhão com ele tudo se funde – conquistas e abatimentos, júbilo e desgostos – transfigurando-se sob a graça.
No vínculo com o Criador, iniciamos cada ano certos de que será um bom ano sob a bênção de Deus. Isso é assim porque a bondade da história não é encontrada nos seus eventos – agradáveis ou não – mas em sua origem, o Deus bom e fiel que dirige tudo conforme sua perfeita vontade.
Publicado no Boletim 53, de 02/01/2011, da IPB Rio Preto.
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