O Senhor Jesus juntou dois conceitos aparentemente antagônicos. Em determinado momento ele se identificou como o “bom pastor” do rebanho de Israel. Em outro, chamou aos discípulos de “amigos”.
Essa dupla relação, de pastor e de amigo, é desafiadora para o líder cristão. Todo ministro legitimamente chamado pelo Espírito Santo é um guia que governa biblicamente sob Deus e, nesses termos, deve ser considerado e obedecido. Em tal base ele está separado das ovelhas e ligado ao Supremo Pastor de uma maneira singular. Aqui não importam a proximidade ou identificação, mas a obediência ao Rei dos Reis, que exige de seus pastores a tomada de decisões e encaminhamentos nem sempre simpáticos.
Apesar disso, não há ministério sem que o pastor se deixe conhecer por seu povo, e permita-se tocar ao mesmo tempo em que interage com os crentes como um irmão e amigo. Aqui aparentemente termina a relação pastor-ovelha e aprofunda-se a mútua confiança, a abertura de alma que permite ao pastor ser gente, encarnar-se nos mesmos moldes de Jesus.
Sei que isso é obvio, mas demorei pra aprender. Pequei muito considerando até o contato com um membro da igreja em uma dia de descanso como uma quebra de minha “folga”. Depois parei para considerar no fato que os irmãos não são meus “clientes”, dos quais eu desejo distância a fim de recompor as forças. Deus me constituiu de tal modo que minhas forças são refeitas na “comunhão dos santos”. Sendo assim, quero estar disponível para receber irmãos a fim de fortalecer os laços fraternos em qualquer dia, não apenas para cumprir uma agenda pastoral, mas para efetivar companheirismo e praticar o amor.
Sim, os membros da igreja que pastoreio são ovelhas do rebanho a mim confiado e, desta feita, cabe a mim pastoreá-las. Ademais, devo ser mais do que um pastor. Tal como Jesus, cabe a mim ser amigo e irmão.
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